O florescer da biomassa

biomassa

Para se discutir o setor energético como um todo, ou seja, toda a matriz energética e não somente o setor elétrico, temos que avaliar inúmeras vertentes para termos uma transparência melhor de como se comporta o setor de energia. Aspectos sociais, políticos, geográficos e econômicos são pré-requisitos essenciais para uma análise profunda.

Um exemplo muito comum para concretizar esses aspectos é da escolha da fonte de energia de um país. Por que o Brasil tem uma matriz energética recheada de hidrelétricas (dadas como geração de energia sustentável) enquanto o Japão tem uma matriz repleta de usinas nucleares e usinas a carvão (carvão sendo uma das fontes mais poluentes e a nuclear sendo uma das mais perigosas)? A resposta mais didática e de uma análise superficial estaria em como os aspectos geográficos afetam os dois países, o Japão por exemplo não teria espaço para plantar biomassa nem para colocação de torres eólicas, isso já explicaria um pouco de sua cultura ser voltada mais para pesca do que para pecuária, sendo que falta espaço territorial no país, em comparação de hidrelétricas o Japão também não possui grandes quedas de agua como as encontradas no território Brasileiro. Já o Brasil, compõe uma infinidade de recursos hídricos, e sua cultura da pecuária e agricultura é bem ampla dada ao grande espaço territorial e o grande investimento na área. Claro que outros inúmeros aspectos são também responsáveis por apelo por certas energias, porém essa análise, mesmo que superficial, pode ser usada como base para outros casos em outros países.

A um certo tempo vem se discutindo o espaço da energia provinda da Biomassa e como o Brasil tem um grande potencial para exploração desse recurso, dada sua grande agroindústria. É inegável que a energia provinda da biomassa tem suas características sustentáveis e por tanto seria de grande proveito para nossa matriz energética a aposta nesse recurso. Sendo assim os próprios idealizadores dessa energia no país se apoiam na premissa de sustentabilidade e como o próprio aproveitamento de resíduos orgânicos podem alavancar o uso da eficiência energética.

Certamente o grande problema que esta tecnologia irá enfrentar em seu desenvolvimento é como lidar com as limitações territoriais do nosso país. Mesmo que nosso território seja amplo, a pecuária e a agricultura se desenvolveram tanto que hoje tomam conta de grande parte do território útil do país. O plantio da biomassa, quando se projeta um índice de aumento do investimento desse recurso, pode fazer com que se comesse a “empurrar” os outros campos de mercado, ou seja, ao modo que vamos aumentando o plantio de biomassa para geração de energia, a soja e o gado, por exemplo, vão sendo empurrados para zonas mais afastadas, afim de abrir espaço para esse novo modelo. Assim, começaremos a ter o problema de atingir espaços que até então seriam de preservação ambiental, sendo alcançado pela pecuária e a agricultura ou até mesmo pela própria biomassa em questão. Sendo assim, o argumento fundamental de sustentabilidade perde seu valor em detrimento desse problema.

Claro que outros problemas tão grandes quantos também assombram o setor de biomassa, nosso país ainda não tem grandes investidores atuando de forma incisiva na área e nossas cadeias de transporte ainda não contemplam uma logística adequada para o transporte da matéria prima, por essas e outra o desafio do setor de biomassa é muito grande ainda, tão quanto qualquer outra nova promessa tecnológica.

Esperamos ansiosos para que isso não impeça o desenvolvimento desse recurso no nosso país e que se encontre alternativas viáveis para que o setor possa florescer em nossa matriz energética, tanto do modo literal quanto metafórico.

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